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COM A PULGA ATRÁS DA ORELHA


Dona Sinhá anda meio desacorçoada com a mudança de comportamento do seu primogênito Zelão. Aquele rapaz que antes era considerado o “Faz Tudo” da família, agora, sem uma razão plausível, passou a fazer corpo mole nos momentos em que ela mais necessita dele para ajudá-la nos afazeres domésticos.

As más línguas já estão falando que ele tem andado de cabeça virada. Fizeram outros comentários, desta feita um pouco mais apimentados, a respeito do comportamento dele (antes considerado uma pessoa de temperamento leve) que tem causado espanto no convívio social da sua comunidade.

Tudo tem a ver com um fato ocorrido anteriormente. Na casa onde ele vive havia dois pilões, sendo que aquele que tinha uma tampa especial, usado para armazenar o cereal já pilado, desapareceu misteriosamente e os irmãos dele, sobretudo o caçula, o estão acusando de ser o responsável pelo sumiço. 

Ela diz que bota a mão no fogo por esse seu filho mais velho, pois ele é incapaz de fazer algo que a desaponte.

- Se fosse o Zezinho, o meu caçula, eu ficaria preocupada. Ele é muito arteiro e para infernizar a vida dos irmãos dele tem feito coisas que até Deus duvida - disse sorrindo.

Zelão anda meio injuriado com as atitudes levianas do seu irmão caçula. Por outro lado reconhece que seu desempenho diante do Pilão sem Tampa não tem sido dos melhores, mas assevera que o sumiço do Pilão com Tampa Especial não é de sua autoria.

Dona Sinhá, apesar de sua idade avançada, continua resolvendo os problemas rotineiros de sua família; ora ela tem de conter o descontrole emocional do seu filho mais velho, ora tem de contemporizar as peripécias próprias da adolescência do seu caçula.

Tanto ele quanto o seu irmão caçula, ambos vivem escondendo que estão visitando o lupanar mais freqüentado pelos jovens das zonas rurais e urbanas de sua região, conhecido pelo nome de “Pilão-Sem-Tampa”.

Dona Sinhá que não enxerga o mundo com os olhos dos outros, tem andado com a pulga atrás da orelha e mais dias menos dias irá descobrir que as brigas constantes existentes entre os seus dois filhos prediletos tem uma razão especial: uma provável disputa pelo território anteriormente ocupado pelo seu primogênito ora ameaçado pelo seu caçula.

Se ela continuar seguindo os passos dos seus “meninos”, como o fizera antes, certamente irá flagrá-los com a boca na botija...

 
Germano Correia da Silva
Enviado por Germano Correia da Silva em 08/08/2010
Alterado em 24/10/2015

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